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Diretor: Paulo Menano

Turismo Centro de Portugal mostrou vantagens da região para o trabalho remoto


O Turismo Centro de Portugal realizou hoje o 1.º Webinar “Work From Centro de Portugal” (“Trabalhar a Partir do Centro de Portugal”, em português). A iniciativa constituiu um sucesso, com cerca de 500 inscrições na plataforma Zoom. O vídeo da sessão, disponibilizado na página de Facebook da entidade soma já perto de 4 mil visualizações. O vídeo pode ser visto em https://bit.ly/2POfSJm.

A iniciativa reuniu vários convidados, entre nómadas digitais, empreendedores e empresas, para conversarem sobre o presente e o futuro do trabalho a partir de casa, ao mesmo tempo que apresentou as vantagens que a região Centro de Portugal oferece a quem escolhe este território para o fazer. Como todos os participantes referiram, esta é uma tendência cada vez mais presente nos dias de hoje e que veio para ficar: o mundo mudou para sempre.

Na intervenção inicial, Pedro Machado, Presidente do Turismo Centro de Portugal, destacou a importância deste tema para o posicionamento da região. “As tendências ao nível do trabalho indicam que, mesmo depois da pandemia, o trabalho remoto vai permanecer. Muitos escritórios vão fechar e as grandes corporações serão lembradas como mamutes em extinção”, sublinhou. “As casas vão tornar-se mais tecnológicas e adaptadas ao teletrabalho, as empresas vão procurar resolver as necessidades do trabalho em casa e a produtividade já não vai ser medida pelo chefe a olhar para o trabalhador, mas por plataformas que ajudam a avaliar resultados. Estão a chegar grandes alterações”, acrescentou.

Luís Antunes, presidente da Câmara Municipal da Lousã, apresentou as potencialidades do seu concelho para “corresponder às expetativas e necessidades de todas as pessoas que neste momento vão adotar ou intensificar esta modalidade de trabalho”. “A Lousã reúne todas as características e condições para atrair pessoas que queiram trabalhar à distância. É o sítio ideal para viver um dia ou a vida inteira”, disse.

Carlos Bernardo e Joana Pires Araújo, do Estúdio Tipo-grafia, apresentaram em seguida o projeto “Work From Centro de Portugal”, que resulta de uma parceria com o Turismo Centro de Portugal. Esta iniciativa visa ajudar a capacitar os agentes turísticos locais a estarem preparados para responder às necessidades desta nova tendência. Para tal, está a ser delineado um Manual de Boas Práticas, que irá ser distribuído por todos os intervenientes locais.

Esse manual será apresentado através de um conjunto de workshops de capacitação, dirigidos a entidades públicas, associações e empresas turísticas, entre outras. O formulário de manifestação de interesse em participar nos workshops está disponível em https://forms.gle/ERSJ9GKYgRc5GeEv6.

O projeto inclui também um microsite, que será inserido no site do Turismo Centro de Portugal (www.turismodocentro.pt) em maio, assim como a publicação de um livro que divulgará os espaços de teletrabalho e funcionará como guia/roteiro tanto para locais/serviços teletrabalho friendly, como para atividades complementares e descrição genuína do território.

Por parte do projeto TravelB4Settle, Miguel apresentou o seu testemunho como nómada digital há quatro anos. “Já assistimos a muitas mudanças na humanidade. Começámos por ser nómadas, tornámo-nos sedentários e agora estamos no início de uma nova era. Encaro com grande entusiasmo os desafios que temos pela frente”, disse.

O nómada digital elencou aquelas que são, no seu entender, as três vantagens deste modo de vida e de trabalho: qualidade de vida (“podemos escolher onde trabalhamos, os horários, temos controle sobre a nossa própria vida”), maior produtividade a nível individual e menos custos fixos para as empresas, uma vez que os custos inerentes aos escritórios reduzem. Além disso, haverá um impacto positivo a nível ambiental, pelas horas de trânsito que se poupam. Finalmente, o trabalho em caso abre a possibilidade de deslocação de pessoas para zonas menos povoadas. “Agora que as empresas testemunharam as vantagens deste modelo é pouco lógico voltarmos às realidades pré-pandemia”, assinalou.

Outro participante no encontro foi Alexandre Ramos, da Liberty Seguros, que explicou a aposta forte que esta empresa está a fazer no teletrabalho.

“Antes de pensarmos no teletrabalho, temos de pensar nos processos das empresas, e esses têm de ser digitais. esse foi o caminho que fizemos”, começou por dizer, frisando que “a flexibilidade é a chave disto tudo”: “Temos de dar flexibilidade aos nossos trabalhadores e a nós próprios. É necessário termos um modelo que se adeque a todos”. Recorde-se que a Liberty Seguros questionou os colaboradores sobre se preferiam trabalhar em casa ou no escritório e 93% dos trabalhadores responderam preferir um sistema em que não estejam no escritório a tempo inteiro. “Por isso, criámos a regra de um a dois dias no escritório por semana, mas mesmo isso não é obrigatório. Em Portugal ainda há muito a cultura do horário, mas o que temos de ter é coordenação”, concluiu.

Seguiu-se a apresentação de dois exemplos de boas práticas de trabalho remoto no Centro de Portugal.

Sara Alho, do projeto Selina (que existe em Peniche e em outros locais), deu o seu testemunho sobre este modelo, que disponibiliza espaços de coworking com oferta de atividades complementares. “A chave do Selina foi o momento em que percebemos que há vontade de socializar no ambiente de trabalho, mas não obrigatoriamente com pessoas da mesma empresa. Assim, criámos uma plataforma de network para pessoas com interesses comuns. Asseguramos que todos os dias, após o trabalho, há atividades para as pessoas fazerem, como meditação, ioga ou running. Queremos que as pessoas sintam que estão em família ou entre amigos”, explicou.

Finalmente, Catarina Serra, por parte da Cerdeira – Home For Creativity, apresentou o projeto, que se assume como “um retiro no meio da Serra da Lousã, em que nos dedicamos às artes e ofícios”. “Recebemos pessoas de férias e em trabalho, que se instalam em pequenas casinhas totalmente equipadas e com Internet de alta velocidade. Disponibilizamos uma refeição por dia e há sempre muitas coisas para fazer à volta. Temos todas as condições para receber trabalhadores remotos”, resumiu.