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Diretor: Paulo Menano

Opinião: Quero ser jogador(a) profissional


Querer ser jogador(a) de futebol profissional foi certamente o sonho de muitos jovens nos últimos anos. É também, nos dias de hoje, o sonho de muitas crianças e o futuro nos dirá se esta realidade se vai manter ou se vai ser alterada. No entanto, este “sonho de criança” é muitas vezes confrontado com a dura realidade do que significa ser profissional de futebol.

Se perguntarmos a um(a) jovem futebolista o que pretende do futebol, uma grande parte afirma que pretende chegar ao futebol profissional. No entanto, são poucos os que sabem o que essa decisão acarreta e muitos, quando confrontados com a dura realidade do futebol, desenvolvem estados emocionais que comprometem o seu rendimento desportivo, duvidam das suas capacidades e não conseguem aguentar a pressão devido a uma má gestão de expectativas.

Existem histórias de jogadores que saem muito jovens de casa dos pais para treinar em clubes de elite ou em academias de excelência, com condições de treino soberbas e com acompanhamento psicológico e escolar, e mesmo esses sentem grandes dificuldades de adaptação a uma nova realidade.

Desengane-se quem pensa que essa dificuldade de adaptação acontece apenas aos mais jovens da formação. Quando falamos de jogadores que não têm espaço nas equipas profissionais e estão no ano de transição de júnior para sénior, nem todos têm a oportunidade de permanecer em contextos de excelência e muitos deles são obrigados a sair de casa pela primeira vez sendo confrontados com uma nova realidade. Ninguém os avisou que a “caminhada” pode implicar mudar de cidade, distrito, país, sentir saudades da família, amigos, do conforto do lar e com a agravante de poderem “cair” em clubes sem condições mínimas para poderem evoluir enquanto jogador(a).

Cada vez mais os clubes devem ter essa preocupação quando falamos de jogadores que estão a iniciar o seu percurso enquanto sénior no sentido de dar o maior suporte aos jovens que decidem arriscar, sair da zona de conforto e singrar numa modalidade competitiva e que muitas vezes faz com que o menos culpado do insucesso desportivo seja o(a) jogador(a).

Vasco Guerra

Treinador do CU Idanhense