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Diretor: Paulo Menano

Opinião de Vitor Santos: Escolha do Capitão de Equipa


No desporto atual tem-se discutido muito o perfil dos treinadores, dirigentes, árbitros e atletas.

No entanto, tem-se esquecido o cargo do capitão de equipa.Capitão de equipa é uma função muito importante e a escolha deve ser bastante criteriosa e cuidada. Deverá assentar sobre comportamentos sociais e valores, não sendo o rendimento desportivo uma característica essencial para o cargo nos desportos coletivos.

Na iniciação ao desporto, até determinada idade, a braçadeira de capitão deve rodar entre todos os atletas, para que todos aprendam a dialogar com os árbitros, a saberem escolher o lado do campo ou a bola, a sentirem-se iguais aos colegas, a fazer o «grito», etc. Esta estratégia permite que todos ganhem experiência e sintam a responsabilidade do cargo. A utilização da braçadeira em jogo, nestes escalões, não significa que a equipa não tenha capitães definidos.

Ser capitão não é apenas uma formalidade. Os capitães são atletas que lideram a equipa e que, para além de merecerem a confiança do treinador, são frequentemente consultados sobres os principais assuntos que envolvem o dia-a-dia da equipa.

A questão da escolha do(s) atleta(s) que exercem as funções de capitão de equipa é de vital importância no sucesso desportivo. No desporto sénior, muitas vezes o capitão é escolhido, ainda, segundo algumas tradições: o jogador com mais idade, o mais antigo, o mais internacional, o «génio», etc. Todas estas opções são aceitáveis, desde que se cumpra o principal objetivo – o sucesso da equipa – no qual o capitão só por si tem de constituir uma mais-valia. É aconselhável que seja a equipa técnica a escolher o capitão, uma vez que esta tem a responsabilidade da gestão da equipa e é conhecedora das características pessoais e em competição de cada elemento do grupo.

A função de capitão de equipa é cada vez mais relevante. Hoje existe um grupo de capitães que devem ter incutidos e incutir valores desportivos, éticos e de conhecimento do clube que permitam aos atletas desfrutarem da modalidade e serem conhecedores de todo o contexto que os rodeia. A integração de novos atletas passa muito por esta função que os capitães devem ter. No alto rendimento é muito visível o papel do capitão e o seu exemplo. Ele é o primeiro a ter de saber ser e estar no desporto. É o exemplo para todos os colegas e o elo de ligação entre todos, bem como entre a equipa e os demais elementos do grupo de trabalho. Não pode nunca ser um porta voz do fanatismo dos adeptos ou destilar ódio ao adversário, correndo o risco de se autodestruir enquanto atleta e como pessoa.

O seu carácter assume também aqui um papel fulcral. É no seu íntimo que começa o verdadeiro capitão. Tem de ser uma personalidade de grande atitude positiva. Que dirige e lidera com naturalidade. Não se ensina a ser capitão. Aprende-se a ser alicerçado em valores intrínsecos e de personalidade. Um capitão de equipa é um líder.

São muitas as funções de capitão de equipa. Mas é em competição que é mais visível o exercício do cargo e hoje, com a falta de público nos jogos e as imagens mais centradas no terreno do jogo e no pós jogo, constata-se que as escolhas nem sempre são as melhores.

Este é mais um assunto em que o futebol tem muito a aprender com as outras modalidades.

Carlos Puyol é provavelmente um dos maiores exemplos do que é ser capitão. As imagens da sua atuação durante os jogos deviam ser obrigatória e repetidamente vistas por todos os atletas da formação. Para que percebam que, não sendo o «génio» do Barcelona, era o líder a quem todos respeitavam por também ser respeitador e saber-se fazer respeitar.

Em Viseu, João Basto e Eduardito são referências.